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Estas duas cançonetas de Duarte Silva são prova de que a piada vulgar (hoje para nós inofensiva, admitamos) é um predicado ancestral que sempre teve publico. É assim o humor à portuguesa neste disco gravado entre 1910 e 1920 com "Salsa, Couves e Nabiça" uma revisteira analogia dos legumes ao sexo, e a malandrice de "Tudo Cresce" (dos impostos à barriga da menina).
O' Ai, O Linda!
Gustavo Leal 1920 (?)
Ó minha mãe deixa-me ir ao bailarico
Ao Rossio que eu vou e venho na carroça do meu tio.
Ó ai ó Linda
Ao bailarico ao Rossio
Pois vai e vem na carroça do teu tio
Refrão:
Olhó beijinho que atrás da porta de dei
Foi tão repenicadinho que gritaste “aqui del rei!”
Olhó segredo que atrás da porta eu te disse
Que até tu tiveste medo
que eu fizesse uma tolice.
Ó ai ó Linda
Quando guardas o rebanho
Sozinha lá no outeiro
Quando guardas o rebanho
Ó ai ó Linda
A grande pena que tenho
De não ser um carneiro
Quando guardas o rebanho
Refrão
Ó meu amor é música
E toca clarinete
Quando vai par o ensaio
Lava-se com sabonete
Ó ai ó Linda
E toca clarinete
Quando vai tocar a música
Lava as mãos com sabonete
Refrão
Olhó Manel rintintin
(…)
Ó Maria abre a porta
Que o Manel quer entrar
Ó ai ó Linda rintintin
(…)
Ó Maria abre a porta
que o Manel que entrar
Refrão
Este e muitas outras gravações portuguesas antigas podem ser escutadas aqui.
Começa assim:
A Menina foi multada, mesmo p’la tabela antiga,
Por ter vendido a pescada assoprada na barriga.
Esta é a minha última aquisição: um curioso disco do inicio dos anos 20 com uma cançoneta de revista chamada "Peixeira e o Polícia" com assinatura de F. Rezio e Gustavo Leal. Sobre estas duas criaturas já vi que não será fácil encontrar referências publicadas. Quanto ao mais, os dois primeiros versos já os decifrei - se alguém conhecê-los na integra ou conseguir entender, mesmo que uma linha ou uma estrofe só, ficarei muito grato se me fizer o favor de redigir na caixa de comentários.
Este e muitas outras gravações portuguesas antigas podem ser escutadas aqui.
Este disco Regal RS 637 de 1927 exibe no lado a “Fado das Penas”, um fado à maneira de Coimbra pela cantora Margarida d' Oliveira. Sobre a artista, o mais que consegui descobrir (note-se que estou limitado à pesquisa na internet) foi esta curta referência feita por Octávio Sérgio que tem publicado em blog alguma investigação sobre a guitarra de Coimbra. Um dia se eu tiver direito a reforma, prometo que me dedicarei a ir ao terreno pesquizar, retirar do baú, compilar e divulgar toda investigação existente sobre o espólio fonográfico da música popular portuguesa: é profundamente lamentável e um perturbador sinal de atraso económico e social a falta de informação disponível, tanto das obras quanto dos nossos artistas pioneiros na gravação sonora.
Este e muitas outras gravações portuguesas antigas podem ser escutadas aqui.
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