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Só o fonógrafo, Zé Fernandes, me faz verdadeiramente sentir a minha superioridade de ser pensante e me separa do bicho. Acredita, não há senão a Cidade, Zé Fernandes, não há senão a Cidade!
(...)
Eram as senhoras que desejavam ouvir no Fonógrafo uma ária da Patti!
O meu amigo sacudiu logo os ombros, numa surda irritação: - Ária da Patti... Eu sei lá! Todos esses rolos estão em confusão. Além disso o Fonógrafo trabalha mal…
Eça de Queiroz
A Cidade e as Serras
É no mínimo estranho como o recente interesse do jornalismo pelo Vinil e colecções de discos patente em diversos artigos e reportagens publicadas ultimamente se circunscreva à segunda metade do século XX, como se a motivação para esse olhar fosse tão só explorar a nostalgia dos leitores mais velhos por esse objecto icónico. Mas acontece que mundo não começou com a formação do nosso umbigo.
Para contrariar essa perspectiva míope aqui vos apresento uma preciosidade, não só pela idade e rareza, mas pela excelência patenteada neste “Fado da Pallida Madrugada” de 1906 interpretado por Manassés de Lacerda um dos pioneiros da Canção de Coimbra. A investigação desta matéria deverá contemplar as suas origem nos finais do século XIX, tanto mais que a história e inventariação do espólio fonográfico nacional tem muito ainda por fazer.
Este fabuloso senhor "qualquer coisa Colonel", partilha diariamente no Youtube vídeos (filmados aparentemente com uma câmara que usa na testa) de discos antigos a tocar num gramofone e cenário absolutamente indescritíveis... o facto é que há dois anos para cá o homem, fanático por gramofones, vem granjeando imenso sucesso com esta receita: para cima de dois milhares de clips, já contam 1 073 478 visualizações sempre com o mesmo plano e umas piadinhas de circunstância ao estilo vitoriano. Agora chamem-me maluco a mim.>
Recentemente foi descoberta, recuperada e reproduzida esta gravação de 1860 feita por Édouard-Léon Scott de Martinville num fonoautógrafo, que nunca descobriu forma de a reproduzir. Este refrão de Au Clair de la Lune é o registo de voz humana mais antigo alguma vez escutado.
O primeiro aparelho de gravação e reprodução sonora mecânico foi o fonógrafo de cilindro, inventado por Thomas Edison em 1877.
Oiçam esta pérola de Ragtime, por Arthur Collins (New Jersey 1864 – 1933).
Da esquerda para direita, três diferentes cilindros de Edison: o primeiro é de cera virgem para dois minutos de gravação produzidos em série a partir de 1880. Com a mesma capacidade, segundo é de cera preta (mais resistente) com temas pré-gravados (Gold Moulded) foram um sucesso produzido a partir de 1903. O terceiro, patenteado em 1912, tem 4 minutos (o dobro da capacidade dos anteriores), com melhor som e mais resistente devido ao acabamento em celulóide, é adjectivado de “indestrutível”. Nesta fase, o cilindro já estava em fim de vida, pois os discos, com muito mais capacidade (dois lados) e mais fáceis de armazenar, tinham chegado para vencer.
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