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Por aqui andam diabinhos à solta
Com corninhos e rabinhos e falinhas de paraíso
Por aqui andam bruxinhas em volta
Esvoaçando cavalgando em vassourinhas sem juízo*
Temos que entender a força inovadora da Banda do Casaco no contexto duma época em que qualquer modo de expressão artística que não contivesse uma mensagem política (de esquerda, claro) estava votada à quase clandestinidade, à mais completa irrelevância artística. Ora é por ocasião da (tardia) reedição da sua discografia que esta mítica banda de música inclassificável (miscelânea de pop, jazz, experimental, étnica) fundada por António Pinho e Nuno Rodrigues, nas últimas semanas emerge da invisibilidade e vem granjeando um mais que merecido reconhecimento por tudo o que é jornal e revista mainstream nacional. Foi neste surpreendente projecto musical que se lançaram as sensuais vozes de Né Ladeiras e Gabriela Schaff, onde pontificaram músicos de excepção como António Emiliano, Carlos Zíngaro, Celso Carvalho, ou até Jerry Marotta, baterista da banda de Peter Gabriel no final dos anos 70. O certo é que quem tenha nascido em Portugal nos últimos trinta anos até há uns meses simplesmente não daria conta da existência da Banda do Casaco cuja obra parecia enterrada num completo esquecimento.
Pela minha parte estou convencido de que, assim como a grande revolução libertadora do jornalismo em Portugal despontou nos anos oitenta com o semanário "O Independente", o mesmo fenómeno que se deu na música popular na mesma década, em grande parte se deve à Banda do Casaco, cujo reportório bem merece ser conhecido e aproveitado pelas novas gerações.
* País Porugal (António Pinho)
Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos - 1977
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