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A estereofonia foi de facto um passo decisivo na história da indústria fonográfica e do áudio no caminho para a “Alta-fidelidade” (que era o nome que se dava à reprodução sonora tão próxima da realidade quanto possível). Entre os anos sessenta e os anos oitenta era relativamente comum encontrar em lugar de destaque numa casa de classe média/alta um bom sistema de som – que em abono da verdade nada tem a ver com os actuais artefactos para a criação de efeitos de “cinema em casa”. Pelo contrário, hoje em dia esse culto de perfeição atingiu o ponto mais baixo das últimas décadas: é pouco menos que lamentável a qualidade dos registos sonoros em ficheiros de compressão de áudio usados nos computadores, telemóveis e outras engenhocas tão populares entre as novas gerações.
Mas se é discutível que a desmaterialização do registo sonoro per si compromete a qualidade – nomeadamente quando utilizados ficheiros de compressão sem perda de informação (alta-resolução), a mesma será sempre comprometida pelo lado dos sistemas de reprodução "miniaturizados". O requinte da reprodução sonora exige alguma dimensão dos componentes da aparelhagem, pelo menos nas colunas.
Curioso como as mais variadas homenagens e tributos que por estes dias se fazem a Frank Sinatra não referem um ponto que me parece fundamental. A popularidade desta consagrada estrela mundial norte-americana é inteiramente fruto da poderosa indústria fonográfica que se desenvolveu estrondosamente durante a sua vida. Acontece que Sinatra não se distingue na arte da composição musical ou poesia mas exclusivamente ela sua sólida e aveludada voz barítono, que veio a ser difundida massivamente pelos quatro cantos do mundo através dos discos. Nenhum cantor anterior ao século XX poderia ambicionar tal façanha – vozes tão boas ou melhores não puderam ser registadas e desapareceram na penumbra do passado.
Não sou particularmente fã do estilo “romântico”, “esplendoroso” e “grandiloquente” de Frank Sinatra, e há um conjunto de pelo menos 12 canções que já não aguento ouvir por completa exaustão. Mas o facto de ele ter sido intérprete de eleição das canções mais marcantes e dos compositores mais brilhantes do século XX como o Jimmy Van Heusen,Cole Porter, Sammy Cahn ou George Gershwin torna-o um artista incontornável, imortal diria eu. O primeiro, fruto da tecnologia e indústria fonográfica.
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