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A credibilização entre os melómanos da indústria fonográfica emergente no início do Século XX dá-se muito por conta de Enrico Caruso quando este prodigioso tenor italiano concede finalmente registar a sua voz, não para Thomas Edison mas para Emile Berliner e a sua The Gramophone Company para quem gravou múltiplos discos entre 1903 e 1921. Os cilindros de cera estavam definitivamente destronados. Aqui partilho uma pequena pérola recentemente adicionada à minha colecção, nada menos que a área “Viva il vino spumeggiant” da Ópera Cavalleria Rusticana de Pietro Mascagni interpretada por Enrico Caruso, gravado em Inglaterra em 1905 sob a chancela Gramophone Concert Record G.C. 52193 (rótulo cor de rosa).
Muito curioso este fado “Ouvi Dizer" de Júlio Neuparth (1863-1919) escrito para a soprano Maria Galvany que o canta de forma brilhante nesta magnifica gravação 12 de maio de 1908. Marisa Galvany (1878-1944) consagrada soprano de coloratura, nasceu em Granada e morreu no Rio de Janeiro.
Este e muitas outras gravações portuguesas antigas podem ser escutadas aqui.
É no mínimo estranho como o recente interesse do jornalismo pelo Vinil e colecções de discos patente em diversos artigos e reportagens publicadas ultimamente se circunscreva à segunda metade do século XX, como se a motivação para esse olhar fosse tão só explorar a nostalgia dos leitores mais velhos por esse objecto icónico. Mas acontece que mundo não começou com a formação do nosso umbigo.
Para contrariar essa perspectiva míope aqui vos apresento uma preciosidade, não só pela idade e rareza, mas pela excelência patenteada neste “Fado da Pallida Madrugada” de 1906 interpretado por Manassés de Lacerda um dos pioneiros da Canção de Coimbra. A investigação desta matéria deverá contemplar as suas origem nos finais do século XIX, tanto mais que a história e inventariação do espólio fonográfico nacional tem muito ainda por fazer.
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