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Muito populares a partir do final do século XIX as bandas e marchas militares, não admira por isso que esse fosse um género músical com grande saída nos primeiros anos da indústria fonográfica, até pela facilidade como os instrumentos de sopro eram registados com os primitivos métodos mecânicos da gravação sonora.
Grand Military Tatoo - 1ª parte
Grand Military Tatoo - 2ª parte
É como uma arrepiante viagem no tempo, ouvir este som duma flauta do Paleolítico Superior descoberta em escavações no sudoeste da Alemanha e que vem comprovar que a música já era uma prática cultural à cerca de 35.000 anos. Salvo as devidas distâncias, é uma sensação parecida quando escutamos a gravação do Big Ben em 1890. Eurico de Barros denúnciou há tempos que, na voragem do PREC registos sonoros de D. Carlos e D. Manuel II haviam dido “inadvertidamente” destruídos na Emissora Nacional. Uma dor d’alma...
Sei bem como uma imagem vale mais do que mil palavras, mas neste caso não me refiro à semântica, mas aos sons em “carne e osso”. Estranho como o comum das pessoas, na ânsia de fixar vivências e memórias, afinal vulgarizaram o registo fotográfico e tão pouco valorizam a memória sonora, cujas técnicas hoje são tão acessíveis: possuo fotografias da minha infância, de férias e festas familiares, mas não tenho meio de recordar a voz do meu Avô, apesar de ela me soar sólida na minha memória. E que tamanhos afectos não carregam as vozes e timbres com que convivemos diariamente? Quantas vezes não lamentei não ter um gravador à mão para registar algumas expressões e onomatopeias dos meus filhotes quando eram pequenos? Não é o som um testemunho tão rico quanto a imagem?
Texto adaptado do livro "Liberdade 232"
Nascido no East End em Abril de 1865 Harry Champion veio a tornar-se um famoso cantor de Music Hall Londrino do início do Século XX. Tendo-se estreado em 1880 no Royal Victoria Music Hall afirmou-se com as suas canções alegres e rápidas, muitas delas versando iguarias culinárias, que eram muito apreciadas pelas gentes mais humildes da capital britânica.
Aqui partilho "That Funny Little Bob-tail Coat" escrita por si em parceria com R. Gorman gravada em 1907 num cilindro de cera Edison Gold Moulded Record 13573.
Quando pelo final dos anos setenta a qualidade da gravação e de fabrico de discos atingiu o seu auge, um dos maiores desafios dos fabricantes de gira-discos high end era a erradicação de qualquer interferência na leitura do disco, por exemplo com com cabeças de bobine móvel extremamente sensíveis, do atrito provocado pelos elementos mecânicos da máquina.
É nesse sentido que a tão celebrada invenção do CD surge ironicamente aos ouvidos exigentes como a solução que reúne o pior dos dois mundos, seja digital ou analógico: deste último herda a o inevitável atrito da rotação do disco; do digital recebe a sua sempre limitada capacidade de abarcar o infindável espectro de frequências sonoras, desmontadas "em zeros e uns", que resulta em informação deficitária. O busílis encontra solução quase perfeita por estes dias na completa desmaterialização do registo sonoro, através de soluções em (muito) alta resolução (por exemplo em formato FLAC ou ALAC - Apple Lossless Audio Codec) por streaming ou armazenados em suportes electrónicos livres de elementos mecânicos como os ipods ou até um simples cartão de memória, claro, reproduzidos por um competente e maciço sistema de hi-fi. Essa é uma revolução difícil de integrar por quem como eu tanto gosta de “manusear” as suas obras musicais predilectas, apreciar a beleza gráfica da sua capa e folhear a informação complementar enquanto vinte minutos de sólido e degradável som total se vão desenrolando a 33.3 rotações no velho gira-discos para ecoarem com naturalidade numas inevitavelmente pesadas e grandes colunas.
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