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Não chores mais oh fadista, que a Severa não morreu (bis)
Está viva e no Dona Amélia, ainda ontem a vi eu. (bis)
Porque estás triste e calado, porque não falas calão?
Porque olhas para o chão, porque não cantas o fado? (bis)
Bebe dois do abafado, corre o mal que te contrita.
Põe alegre a curvadita (?), não te ponhas mudo ao canto.
Enxuga as faces do pranto, não chores mais oh fadista. (bis)
Já te não vejo nas hortas, a provar o belo vinho.
Porque vagueias sozinho, por Alfama a horas mortas. (bis)
Esse cabelo não cortas, nem pra trás pões o chapéu.
Errante como um Judeu, teu caminho volta atrás.
Olha para aquele cartaz, que a Severa não morreu. (bis)
Porque é que o Fado não cantas, já que ela ressuscitou.
Pois do outro mundo voltou, pelo braço do Júlio Dantas. (bis)
Raptada d’entre tantas, aquela branca camélia,
Do Vimioso a Ofélia, no mundo estava dobrado,
Pois cantando o belo fado, está viva e no Dona Amélia. (bis)
Avelino Baptista - Fado Fadista
Disco Ideal Grande
Beka Record
Lisboa, 1904
Hoje 1 de Dezembro partilho aqui a minha última aquisição: o Hino da Carta composto por Dom Pedro IV, que foi o hino nacional até à revolução da república, gravado num cilindro de cera e reproduzido no meu Edison Home Phonograph de 1900.
Letra:
I
Ó Pátria, Ó Rei, Ó Povo,
Ama a tua Religião
Observa e guarda sempre
Divinal Constituição
(Coro)
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição
II
Ó com quanto desafogo
Na comum agitação
Dá vigor às almas todas
Divinal Constituição
(Coro)
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição
III
Venturosos nós seremos
Em perfeita união
Tendo sempre em vista todos
Divinal Constituição
(Coro)
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição
IV
A verdade não se ofusca
O Rei não se engana, não,
Proclamemos, Portugueses
Divinal Constituição
(Coro)
Viva, viva, viva ó Rei
Viva a Santa Religião
Vivam Lusos valorosos
A feliz Constituição
A feliz Constituição
Nascida em 1897 em Silves, Corina Freire foi uma cantora lírica soprano e actriz portuguesa. Foi a primeira portuguesa a trabalhar no Olympia de Paris e a cantar para o Príncipe de Gales, depois duque de Windsor. Aqui o tema com que fez a sua primeira incursão no teatro de revista aos 30 anos.
Fonte: Wikipedia
É substancial a melhoria qualitativa das performances artísticas nas gravações portuguesas a partir do segundo quartel do século XX. Isso é bem patente nesta gravação do “Velho Fado da Severa” cantado por Dina Tereza para “A Severa”, o primeiro filme sonoro português realizado por Leitão de Barros em 1929. Repare-se na subtileza dos arpejos e do dedilhar de guitarras no inédito longo solo que abre o tema - pormenor outrora difícil de captar pelo registo sonoro mecânico. Definitivamente a qualidade que a gravação eléctrica concede à indústria fonográfica mais reputação – reconhecimento social - contribuindo para atrair a si mais e melhores executantes. Para tanto foi decisivo o advento da telefonia e do cinema sonoro que estão na génese do star system nacional que estabelece o protagonismo dos intérpretes como motor da indústria fonográfica.
No tempo em que fui responsável pelas Relações Públicas do Hotel Tivoli envolvi-me em vários projectos ligados à vida, obre e biografia da acrtiz Beatriz Costa, mulher bela e desempoeirada que, sem que eu tenha conhecido pessoalmente, me conquistou e seduziu profundamente. Também por isso fico muito contente sempre que consigo juntar à minha colecção um disco seu. Assim, é com particular satisfação que aqui partilho "Dona Chica e Senhor Pires", tema cantado em dueto com o actor com Álvaro Pereira que, estreado em 1929 na Revista "Pó de Maio", granjeou uma popularidade que predurou por décadas.
D. Chica: Só me dizia insolências / e a bater não era peco…
Sr. Pires: E hoje, vejam lá bòscências, sou fadista papo-seco!
D. Chica: Já só usa roupa fina / e até seda, quando calha!
Sr. Pires: Camisas de popelina / e as cirolhas são de malha...
D. Chica: Desprezou o canivete, / está mais manso que uma pomba…
Sr. Pires: Rapo a fuça c’a gillette / e ponho cremes na tromba.
D. Chica: Andava sempre co’a malta, / encharcado em água-pé…
Sr. Pires: Pois agora só me falta / ir tomar chá à Garrett!
Refrão
D. Chica: Aconselho-te a que tires o chapéu / quando na rua me vires!
Sr. Pires: Quem? Eu? Oiça: / Isto agora é outra loiça – Dona Chica!…
D. Chica: Sr. Pires!
Aqui reproduzimos Samaritana (disco Columbia n 8121), um irreverente fado-canção interpretado por Edmundo Bettencourt em 1928. Este tema que efabula um enamoramento de Jesus Cristo pela Samaritana de Sicar (João 4:5–29) foi composto depois de 1910 por Álvaro Cabral nascido em Vila Nova de Gaia em 1865. Além de compositor e letrista, Álvaro Cabral era um boémio muito espirituoso e um bom e grande conversador que morreu em 1918 no Porto. Não podendo ser considerado um Fado de Coimbra, também não é um fado de Lisboa com melodia padronizada, facto que ajudará a explicar grande parte do sucesso que veio a conquistar em Coimbra. Acontece que, a partir de 1928, ano em que este fado foi gravado por Edmundo Bettencourt, a Academia de Coimbra apropriou-se dele e muitos cantores de Coimbra o têm cantado e gravado, tendo-se tornado num dos Fados de Coimbra mais emblemáticos.
Edmundo Bettencourt (Funchal, 1889 — Lisboa, 1973) foi um cantor e poeta Português conhecido por interpretar Fado de Coimbra e pelo seu papel determinante na introdução de temas populares neste género musical. Formado em direito, foi signatário das listas do MUD tendo feito parte do grupo fundador da revista Presença. Notabilizou-se pela composição musical "Saudades de Coimbra" a qual é ainda hoje uma referência da música portuguesa universitária.
Fontes / adaptação de textos: Octávio Sérgio em Guitarra de Coimbra (Parte I) e Wikipédia
Tema "Beijos" da autoria de Vasco Macedo - para a revista "Carapinhada" exibida em 1927.
Justina Magalhães actriz do teatro Avenida nasceu em 1897 cursou no Conservatório de Lisboa onde foi discípula do Professor António Pinheiro que sobre ela aqui descorre um rasgado elogio.
Comédia ao caciquismo em Portugal gravada em 1906. Como bem sabemos a coisa piorou substancialmente depois de 1910.
Curioso é este disco, com uma interpretação anónima de guitarra solo do célebre “Fado Robles” no lado A - melodia composta em 1879-1880 pelo guitarrista-fadista e Sargento de Cavalaria J. R. Robles – e no lado B variações sobre o Fado Corrido, “Fado Corrido Maior”. Editado pela pouco conhecida marca Jumbo (ligada à editora alemã Odeon) que foi descontinuada em 1912 é de presumir que a interpretação das duas peças seja da autoria de Luís Petroline em gravações de 1910, segundo uma tese de Pedro Jorge, estudioso dos primórdios do Fado com quem tive o privilégio de trocar correspondência.
Este e muitas outras gravações portuguesas antigas podem ser escutadas aqui.
Este trecho do “Terceto Final” de Fausto (uma ópera de Gounod muito popular na passagem do século) gravado em Barcelona em 1903 para a “The Gramophone and typewriter Ltd” de Berliner é muito interessante por congregar artistas consagrados numa altura em que a indústria fonográfica dava os primeiros passos. Bela prestação da vozes de Perello de Segurola, José Maristany e Giuseppina Huguet, acompanhadas ao piano que se ouve com dificuldade.
Vale a pena ouvir este disco Homokrod, uma deliciosa valsa "toque de sinos com accompanhamento de orchestra" gravado em Portugal em Junho de 1908.
Este e muitas outras gravações portuguesas antigas podem ser escutadas aqui.
Fado de Avelino Teixeira, tenor com com expressivo repertório fonográfico registado na primeira década do século XX de biografia desconhecida gravado entre 1908 e 1911 altura em que vigorou o seu vinculo à editora Odeon.
Este e muitas outras gravações portuguesas antigas podem ser escutadas aqui.
Medina de Sousa e Côro - Da revista "O Fado" de Filipe Duarte.
Este e muitas outras gravações portuguesas antigas podem ser escutadas aqui.
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Tocado pela Guarda Municipal de Lisboa
Disque Pour Gramophone 1908
Numero de catálogo 360134
Este e muitas outras gravações portuguesas antigas podem ser escutadas aqui.
Sou ceguinha de nascença,
Isto assim nem é viver!
Minha tristeza é imensa,
Quem me dera a mim morrer!
Vivo em trevas sepultada
Sem fazer mal a ninguém;
Sou ceguinho de nascença,
Não conheço pai, nem mãe.
Canção da Cega - Medina de Sousa 1921
Da revista "O Fado"
Por F. Duarte
Soprano and Chorus with Orchestra in portuguese
Victor Talking Machine 1921
Made in USA
Este e muitas outras gravações portuguesas antigas podem ser escutadas aqui.
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